umpulaemangola

Relatos do dia-a-dia de um pula a trabalhar em Luanda.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Leituras ao sol

Acabei recentemente de ler o meu primeiro livro escrito por um escritor Angolano. "Quem me dera ser Onda" de Manuel Rui é um retrato fiel (a meu ver) daquilo que terá sido a Luanda pós-independência, e que em parte ainda é. É a história de um porco (um leitão, na realidade) que é acolhido num apartamento, para ser alimentado num regime de engorda, sendo o seu destino final "a panela". No entanto desenvolve-se entre o porco e as crianças da familia uma relação de amizade (com o total desacordo do pai e a conivência da mãe) que irá criar um grande numero de peripécias onde se entrecruzam todos os "cromos" e se focam muitos dos lugares-comuns aqui da banda, à medida que as crianças fazem os possíveis e impossíveis para tentar salvar o pesçoço do porco. O livro lê-se de uma pernada, e tem uma linguagem e vocabulario rico em expressões angolanas, mas sempre acessivel, mesmo a quem não tenha tido nenhum contacto com a lingua. Por isso recomendo vivamente a quem já tenha estado aqui, ou a quem queira ter uma visão bem-disposta sobre a Luanda típica no periodo pós-independencia.
Para quem quiser uma critica um pouco mais "pesada"

Terminado este livro, e porque o meu "Intermitências da Morte" está emprestado, fiquei com duas hipóteses: "Tudo o que Temos cá Dentro", do irmão do nosso futuro ex-PR, o Psiquiatra Daniel Sampaio, ou "Elas não Percebem Nada" do génio (escritor/poeta/musico/cantor/engenheiro) surrealista Boris Vian (sob o pseudonimo "Vernon Sullivan" - fictício escritor noir americano). Devido a alguma curiosidade (pois não conheço nada da sua obra), e à recomendação do 1º livro, estava inclinado para ele, mas porque ando a precisar mais de ficar bem-disposto do que o contrário, e depois de ter lido na capa do 2º livro o excerto que se segue, a minha opção mudou.

"Ora aqui está. Uma rapariga de dezassete anos. Com o aspecto de uma Vénus de Milo com braços - Talvez não gostem da ideia, mas então é porque também não gostam de certeza de uma bela égua bem lançada - , uma rapariga com umas coxas, uns seios e um corpo como não há por aí às dúzias, e uma bela cabeça eslava, um pouco achatada, com olhos oblíquos e cabelo loiro todo ondulado. E uma rapariga que, além disso, tem de seu. Tem dezassete anos; é assim e deixa-se injectar com morfina por um tipo que parece um chulo de baixa categoria..., e que, ainda por cima, tem maquilhagem. Juro-lhes que elas não percebem nada. Agarro nela e ponho-a de pé.
- Vamos lá, minha lorpa - digo-lhe eu.
Estou-me nas tintas para a hipótese de alguém entrar. Não se esqueçam de que estou vestido de mulher... e nada tem de chocante ver uma velha amiga meter na cama outra velha amiga que se meteu um pouco nos copos."
in "Elas não Percebem Nada" de Boris Vian

3 Comments:

At 2:37 da tarde, Blogger Ricardo Fortes said...

Peixefritismo não tenho feito muito. tem sido mais peixegrelhadismo.

Antes desses quero ler o Desejo de Kianda (embora ja tenha tido opiniões diversas sobre a qualidade do mesmo).
Queria até fazer aqui um artigo sobre a Kianda, mas n tenho info suficiente ainda

 
At 5:48 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O Boris Vian ta la...

 
At 6:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

hi, umpulaemangola.blogspot.com!
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