umpulaemangola

Relatos do dia-a-dia de um pula a trabalhar em Luanda.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Notícia de última hora

Condutor tresloucado abala a pacata noite de Luanda

A noite passada foi agitada nas pacatas ruas de Luanda. A Policia local recebeu queixas de vários habitantes que referiam a passagem de um veiculo ligeiro de passageiros a alta velocidade, e efectuando inumeras manobras perigosas.
De acordo com o relatório divulgado pela Policia de trânsito, o condutor, alegadamente estrangeiro, ao volante de um potente Hyundai Getz, cruzou diversas artérias da capital, a velocidades que deveriam rondar os 40-50km/h e, de acordo com alguns relatos, poderá mesmo ter chegado aos 60 km/h em diversas ocasiões. Para além disto, foi também responsável por diversas violações ao código da estrada como, parar nos sinais vermelhos, respeitar a regra da prioridade, não utilizar a buzina, assinalar as mudanças de direcção com as luzes de pisca-pisca e, imagine-se, parar nas passadeiras para permitir a passagem dos peões. Uma velhinha que habita a baixa da cidade, junto à marginal, afirma ainda, que foi brutalmente acordada, devido ao ronco do motor, e ao barulho proveniente do sistema de som da viatura que tocava repetidamente "Jesus Built My Hotrod".

A Policia informa que estará em alerta para evitar que novas situações como esta venham a repetir-se.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Leituras ao sol

Acabei recentemente de ler o meu primeiro livro escrito por um escritor Angolano. "Quem me dera ser Onda" de Manuel Rui é um retrato fiel (a meu ver) daquilo que terá sido a Luanda pós-independência, e que em parte ainda é. É a história de um porco (um leitão, na realidade) que é acolhido num apartamento, para ser alimentado num regime de engorda, sendo o seu destino final "a panela". No entanto desenvolve-se entre o porco e as crianças da familia uma relação de amizade (com o total desacordo do pai e a conivência da mãe) que irá criar um grande numero de peripécias onde se entrecruzam todos os "cromos" e se focam muitos dos lugares-comuns aqui da banda, à medida que as crianças fazem os possíveis e impossíveis para tentar salvar o pesçoço do porco. O livro lê-se de uma pernada, e tem uma linguagem e vocabulario rico em expressões angolanas, mas sempre acessivel, mesmo a quem não tenha tido nenhum contacto com a lingua. Por isso recomendo vivamente a quem já tenha estado aqui, ou a quem queira ter uma visão bem-disposta sobre a Luanda típica no periodo pós-independencia.
Para quem quiser uma critica um pouco mais "pesada"

Terminado este livro, e porque o meu "Intermitências da Morte" está emprestado, fiquei com duas hipóteses: "Tudo o que Temos cá Dentro", do irmão do nosso futuro ex-PR, o Psiquiatra Daniel Sampaio, ou "Elas não Percebem Nada" do génio (escritor/poeta/musico/cantor/engenheiro) surrealista Boris Vian (sob o pseudonimo "Vernon Sullivan" - fictício escritor noir americano). Devido a alguma curiosidade (pois não conheço nada da sua obra), e à recomendação do 1º livro, estava inclinado para ele, mas porque ando a precisar mais de ficar bem-disposto do que o contrário, e depois de ter lido na capa do 2º livro o excerto que se segue, a minha opção mudou.

"Ora aqui está. Uma rapariga de dezassete anos. Com o aspecto de uma Vénus de Milo com braços - Talvez não gostem da ideia, mas então é porque também não gostam de certeza de uma bela égua bem lançada - , uma rapariga com umas coxas, uns seios e um corpo como não há por aí às dúzias, e uma bela cabeça eslava, um pouco achatada, com olhos oblíquos e cabelo loiro todo ondulado. E uma rapariga que, além disso, tem de seu. Tem dezassete anos; é assim e deixa-se injectar com morfina por um tipo que parece um chulo de baixa categoria..., e que, ainda por cima, tem maquilhagem. Juro-lhes que elas não percebem nada. Agarro nela e ponho-a de pé.
- Vamos lá, minha lorpa - digo-lhe eu.
Estou-me nas tintas para a hipótese de alguém entrar. Não se esqueçam de que estou vestido de mulher... e nada tem de chocante ver uma velha amiga meter na cama outra velha amiga que se meteu um pouco nos copos."
in "Elas não Percebem Nada" de Boris Vian

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Vibrio qué?!?

A Cólera (ou cólera asiática) é uma doença causada pelo vibrião colérico (Vibrio cholerae), uma bactéria em forma de vírgula ou bastonete que se multiplica rapidamente no intestino humano produzindo uma potente toxina que provoca diarréia intensa. Ela afecta apenas os seres humanos e a sua transmissão é directamente dos dejectos fecais de doentes, por ingestão oral, principalmente em água contaminada.

A cólera provavelmente originou-se no vale do rio Ganges, Índia. As epidemias surgiam invariavelmente durante os festivais hindus realizados no rio, em que grande numero de pessoas se banhava em más condições de higiene. O vibrião vive naturalmente na água e infectava os banhantes que depois o transmitiam por toda a India nas suas comunidades de origem. Algumas epidemias também surgiram devido a peregrinos nos países vizinhos com aderentes da religião hindu, como Indonésia, Birmânia e China.

Foi descrita pela primeira vez no século XVI pelo português Garcia da Orta, trabalhando na sua propriedade, Bombaim, no Estado da Índia Português. Foi o inglês John Snow que descobriu a relação entre água suja e cólera em 1854. A bactéria Vibrio cholerae foi identificada pelo célebre microbiologista Robert Koch em 1883.

Foi só em 1817, com o estabelecimento do Raj britânico na India, e particularmente na região de Calcutá, espalhou-se a cólera pela pimeira vez para fora da região da India e paises vizinhos. Ela foi transportada por militares ingleses nos seus navios para uma série de portos e a sua disseminação tra-la-ia à Europa e Médio Oriente, onde até então era desconhecida. Em 1833 chegou aos EUA e México, tornando-se uma doença global.

Numa das primeiras epidemias no Cairo, matou 13% da população. Estabeleceu-se em Meca e Medina, onde as peregrinações religiosas muçulmanas do Hajj permitiam concentrações suficientes de seres humanos para se dar a cadeia de trasnmissão da epidemia, assim como nas cidades grandes da Europa. Na Arábia foi endémica até ao século XX, matando inúmeros peregrinos, tendo sido aí que surgiu o agora disseminado serovar eltor. A disseminação pelos peregrinos, vindos de todo o mundo muçulmano de Marrocos até às Indonésia, foi importante na sua globalização assim como os navios comerciais europeus.

Durante o século XIX, surgiram abruptamente várias epidemias nas cidades europeias, matando milhares em epidemias em Londres, Paris, Lisboa e outras grandes cidades. Uma dessas epidemias em Londres, 1854 levou ao estabelecimento das primeiras medidas de saúde pública, após constatação que poços contaminados estavam na origem da doença, pelo médico John Snow.


Progressão e Sintomas

A incubação é de cerca de cinco dias. Após esse período começa abruptamente a diarreia aquosa e serosa, tipo água de arroz.

As perdas de água podem atingir os 20 litros por dia, com desidratação intensa e risco de morte, particularmente em crianças. Como são perdidos na diarreia sais assim como água, beber água doce ajuda mas não é tão eficaz como beber água com um pouco de sal. Todos os sintomas resultam da perda de água e electrólitos:

- Diarréia volumosa e aquosa, sempre sem sangue ou muco (se contiver estes elementos trata-se de disenteria).
- Dores abdominais tipo cólicas.
- Náuseas e vómitos.
- Hipotensão com risco de choque hipovolémico (perda de volume sanguineo) mortal, é a principal causa de morte na cólera.
- Taquicardia: aceleração do coração para responder às necessidades dos tecidos, com menos volume sanguineo.
- Anuria: diminuição da micção, devido à perda de liquido.
- Hipotermia: a água é um bom isolante térmico e a sua perda leva a maiores flutuações perigosas da temperatura corporal.

O risco de morte é de 50% se não tratada, sendo muito mais alto em crianças pequenas. A morte é particularmente impressionante: o doente fica por vezes completamente mirrado pela desidratação, enquanto a pele fica cheia de coágulos verde-azulados devido à ruptura dos capilares cutâneos.

In Wikipedia

Segundo parece anda a solta um surto desta coisa aqui na banda...
Com a gripe-das-aves a atacar regularmente em Portugal (ainda neste fds em Guimarães!), acho que vou pedir para voar para as caraíbas!

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Com o calor que está hoje...


...só mesmo com uma destas!