Sábado
Sábado acordei cedo. Para ir ao... Mercado de Sábado. o Mercado de Sábado fica fora da cidade, para norte e para o interior, para lá do musseque, numa região chamada Cacuaco. Penso que serão cerca de 20-30 kms depois de sair da cidade.
Objectivo: preparar uma almoçarada de bela Feijoada à Portuguesa, para o aniversário de um colega.

O musseque é o suburbio. Aos meus olhos é um bairro de lata. Mas a sua dimensão e densidade, fazem dele a regra. Não é um bairro. Faz parte da cidade.
Passados alguns quilometros ficamos parados no transito. Mais a frente, numa rua transversal, um camião cisterna capotou. É o segundo camião que vejo virado numa semana. A mania de ficar a ver os acidentes empatando o trânsito não é só em Portugal.

Ao prosseguir viagem, vamos saindo do musseque e entrando numa região, que, à falta de melhor comparação, se assemelha ao Alentejo (se trocarmos os sobreiros por embondeiros). A população desta região deve ser constituida sobretudo por agricultores. Viramos para a Terra Verde e chegamos ao Mercado de Sábado.
Ao aproximar o carro algumas dezenas de miúdos correm ao nosso encontro. "O da camisola rosa ganhou! Fico com este." Foi o primeiro a tocar no carro. Os miúdos trazem sacos de plástico (made in china) para vender e oferecem os seus serviços como "carregadores". O preço: 100Kz. Alguns são ainda muito pequenos e duvido que possam carregar 2 sacos cheios de batata-doce ou mamão. Estão sujitos, mas parecem bem alimentados e sorriem. Continuam a insistir para os aceitarmos como carregadores. Na camisola de um dos mais pequenos lê-se: "Quero beijo na boca!"

Sempre com os miudos em redor a pedir kumbu, vamos para zona das verduras e fruta. Acho que somos os unicos pulas, e mesmo das poucas pessoas da cidade. Compramos feijão, quiabo, batata-doce, mamão, manga, etc... Os preços não são negociados mas são baixos. As vendedoras com os bébés amarrados às costas, de um modo geral não têm troco, pois estão a começar as vendas do dia e ainda não receberam dinheiro nenhum. Com uma nota de 1000Kz já é dificil conseguir troco. Mesmo assim vendem fiado, com a promessa de voltarmos daí a pouco com dinheiro miúdo.
Os nossos carregadores são uma ajuda preciosa para voltarmos a dar com as vendedoras credoras ou para indicar onde há este ou aquele artigo a bom preço. Eu sou promovido a carregador também, afinal os sacos pesam mesmo! Há sempre alguém a oferecer qualquer coisa para vender, mas sempre sem pressionar. Basta dizer "Não, obrigado!" ou "Já comprei" que seguem logo à procura de outro cliente, sempre com boa disposição. São 8:30 o ar está quente e sente-se o cheiro a fruta e legumes frescos. Depois de comprarmos uns 5 ou 6 sacos cheios, gastámos apenas 3600Kz. Voltamos ao carro ainda seguidos de alguns pequenos que tentam vender alho e jindungo. Enchemos a mala e regressamos com os putos a dizer adeus. (Não ha fotos do mercado porque a mente brilhante que escreveu isto se esqueceu de mudar a bateria da máquina...)
3 Comments:
Isso por acaso não será o mercado Roque Santeiro? É que tive a lêr uma aventura de colegas motards por Angola e referenciaram um mercado, com características similares, como sendo o maior mercado a céu aberto de Africa. E ok, agora sei que não é pois só olhei para o comentário anterior neste momento, e como isto dá trabalho a apagar vai assim mesmo....
Belo Post. Man cá para mim qd chegares a Lisboa precisas de estar 2 dias debaixo do chuveiro lololol
E gajas???
bafo, bafo, bafo...pensas tanto em gajas que as afugentas!:P
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