umpulaemangola

Relatos do dia-a-dia de um pula a trabalhar em Luanda.

sexta-feira, maio 12, 2006

Volto dentro de dois dias...

Um insecto voador, popularmente denominado por «fogo em brasa», está a causar pânico em Luanda e a fazer vítimas um pouco por todo o país devido as feridas do tipo queimadura que causa com a sua ferradura ou quando esmagado junto a pele.

O caso inédito em Luanda, começou a ser falado à boca pequena há cerca de 15 dias, com queixa de pessoas que eram atacadas pelo insecto desconhecido.
O insecto aparenta uma formiga com asas transparentes, de pigmentação azul, amarela e cinza e atraída pela luz local onde normalmente encontra as suas vítimas. Junto do homem ela adere à pele e como mosquito dá uma picada que por instinto o indivíduo tem tendência a esmagá-la contra a pele.Com este acto o insecto derrama qualquer coisa como pó ou líquido que minutos depois provoca um ardor seguido de uma cicatriz do tipo queimadura.

O «fogo em brasa» é um visitante frequente das províncias do norte de Angola particularmente do Kwanza Norte e Uíje onde aparece sempre em época chuvosa, apesar da lesão cutânea que causa nunca foi notificado pelos serviços de saúde publica.

Desconhecido dos luandenses o «ferro em brasa» deveria ser hoje tema de uma conferência de imprensa convocada pelos serviços de saúde por forma a explicar e a acalmar os citadinos aflitos e desorientados que estão.

Entretanto em declarações à Rádio Luanda a chefe de departamento de saúde publica da capital Isilda Neves explicou.

Este insecto é tradicional em algumas áreas do nosso país, nomeadamente na Lunda Norte, Benguela e Kwanza Norte.

Para nós aqui em Luanda é a primeira vez que assistimos a esse surto epidémico. Este insecto normalmente aparece na estação das chuvas em locais onde há bastante humidade que é o nosso caso. Também é frequente ao longo da costa ocidental africana e nos países dessa região. O insecto em si não pica mas ele tem um liquido no interior do seu corpo que provoca queimaduras na pele. Normalmente o sitio onde ele passa provoca essas lesões que são muito semelhantes a uma queimadura».

A médica que superintende a saúde publica de Luanda orienta alguns cuidados a ter com o insecto logo que tocado.

«Quando sentirem a presença do bicho em alguma parte do corpo não devem matar o insecto, devem afastá-lo de forma suave e lavar imediatamente a região afectada com água e sabão. Depois disso põem-se uma pomada no local, isso por conselho médico uma pomada para queimadura, o sulfato de zinco ou simplesmente lavagem com água».

Entretanto, Luanda registou nas ultimas 24 horas 343 novos casos de cólera e duas mortes segundo dados da delegação provincial de saúde.

Os últimos números de cólera estão assim distribuído por municípios Cacuaco com 85 casos de cólera, Viana 62, Samba 38, Cazenga 77, Sambizanga 22, Maianga 32, Ingombota 23, Kilamba-Kiaxi 7 e Rangel 3.

Dados da delegação provincial de Luanda indicam que desde Fevereiro ate hoje foram registados 219 óbitos em 15. 488 casos, o que representa uma taxa de letalidade de um por cento.

Dados da OMS dão conta que o total de casos reportados ascendem já os 30612 com 1,156 mortes em dez das dezoito províncias do país. Nas últimas vinte e quatro horas foram notificados 581 novos casos e 10 mortes.

Assim, Luanda vai na frente em número de casos de cólera com 15.145 enquanto Benguela lidera em número de mortes com 484.

No Bengo foram registados até hoje 1795 casos com 76 mortes, Benguela 6817, Bie 3 casos e 1 morto, Kwanza Norte 2910 casos e 158 mortes, Kwanza Sul 54 e 4 mortos, Luanda 15145 casos e 217 mortes, Huambo 13 casos e 4 mortes, Huila 122 casos e 17 mortes, Malanje 3017 casos e 183 mortes e Zaire 155 casos e dois mortos.

A epidemia da cólera foi declarada a 19 de Fevereiro pelo governo provincial de Luanda e em menos de um dia disseminou-se por todo o país.

in Angonoticias

terça-feira, abril 11, 2006

Action in Luanda III - o Regresso do Pula

Já estou quase de volta à tuga e só agora me deu para escrever. Será porque não se tem passado nada de especial? O "especial" aqui é muito relativo. Este fds por exemplo teve muitas pequenas "especialidades", o que acaba por me estimular a escrever uma crónica em que tento resumir as ultimas 4 semanas.

A viagem para cá foi completamente tipica: Grande fila para check-in e as caras habituais a tentar cravar o pula sem bagagem para que leve em seu nome as bagagens das suas filhas / sobrinhas / afilhadas / etc... é malta que viaja muito! Chegada e controle de passaportes com o normal ataque dos mosquitos.

Já cá fora, enquanto esperava junto ao carro (e agarrando bem o portátil) que a minha boleia pagasse o parque, veio um moço simpático pedir "uma ajuda para pagar um café ao chefe". "Cheguei agora", disse eu, "não tenho Kwanzas!". "Pode ser em euros ou dolares, não tem maca!" é pessoal que lida bem com divisas, pensei. "Não meu kamba, eu não trago dinheiro comigo. só me dão cá, mais tarde!" pausa... "sim, então está bem, mas prá próxima é melhor trazer, yá!?" ameaçou. Fica registado.

O alojamento, durante a 1ª semana foi no hotel. Sitio porreiro e limpo, com um A/C relativamente silencioso, mas com a falha de não ter net. E de não ter pão ao pequeno-almoço antes das 7:30. Na manhã em que fiz check-out recebi a notícia que afinal ia ficar mais uns dias no hotel. Voltei a fazer checkin no mesmo dia.

Durante este tempo, o dia-a-dia foi normalissimo. Casa-trabalho, trabalho-casa. Por vezes umas pit-stops para atestar de Cuca ou similar. O calor aperta como nunca e a humidade também. Fiz alguma praia, ganhei alguma côr, comi saladas e tenho fintado a bicharada.

Entretanto já tenho conduzido um pouco mais aqui na banda, e estou a começar a aprender algumas das preciosas técnicas angolanas de "condução defensiva", confiante de que me estou a tornar cada vez mais, num bom condutor. Pergunto-me que opinião irão ter os meus conterrâneos.

Uma das primeiras "especialidades" aconteceu à cerca de 2 semanas. Choveu. Uma daquelas chuvitas tropicais. O dia andou sempre a prometer, e o meu local de trabalho é um ponto priviligiado para observar a chegada das nuvens. mas na altura em que saí, ao fim da tarde é a que a coisa se compôs. Na marginal, olhando para trás via-se o sol e uma réstia de céu azul sobre a fortaleza. Olhando para a frente e para o lado, não se via a ilha. Alguem observou que estávamos apenas na franja da tempestade. Ainda bem, assim só apanhámos com 61 litros por m2 nessas 5h-6h em que choveu. Ora nessa tarde o meu objectivo, e dos colegas que iam comigo, era ir ao Supermercado comprar cerveja e outras porcarias para comer. Assim fizemos, estacionámos ao carro mesmo em frente ao telheiro da porta da entrada, e eu ofereci-me para ir buscar o carrinho. De caminho aproveitei para passar a camisa por água porque estava com calor. Enquanto escolhiamos a cerveja, o ruido da chuva subia, e pela janela via-se aumentar o caudal das cascatas do telhado. Depois de pagar, e chegando cá fora, os outros clientes do super não mostravam vontade de ir para casa. Como tinhamos pressa em por a cerveja no frigorifico, partimos de imediato. No caminho para o carro aproveitei para passar a camisa mais uma vez por água porque já estava seca. Arrancámos, mas estava um pouco de trânsito, e ao fim de 15 mins tinhamos conseguido sair do parque de estacionamento. 2 horas depois já tinhamos avançado aproximadamente 50 metros e começavamos a deixar de ver as bandeiras do supermercado. O que se tinha passado, é que à rotunda do eixo viário vieram cair toneladas de terra e carros avulsos, que complicaram o trânsito. Ainda acabámos por indicação policial, a fazer a rotunda "à inglesa". Á nossa volta o numero de carros atascados em lama era assinalável. Ao chegar a casa, cerca de 5kms e 3:30 horas depois, voltei a passar a camisa por água enquanto descarregava as cervejas.

No dia seguinte, os estragos causado pela "franja" da tempestade eram bem visiveis, com as ruas repletas de entulho e algumas delas semi-destruidas. Acho que já era assim no tempo colonial. Mas desde cedo trabalhavam equipas de limpeza, e tudo estava a ser limpo e reposto no seu devido lugar.

No mesmo fim-de-semana, houve outro episódio com chuva. No Chill-out, o bar mais cool da ilha, choveu durante umas horas, o que foi bom para refrescar o ambiente, que mesmo ali ao ar livre, a um passo do mar, é quente e abafado como uma sauna. Felizmente há cerveja. O pessoal refugiou-se por baixo das coberturas de cana até estas ensoparem. Alguns bifes que exageraram a beber imitação de cerveja ensaivam danças tribais de acasalamento homosexual pra entertenimento geral.

Já neste fim-de-semana os eventos sucederam-se. Vi o meu GRANDE SPORTING perder na luta pelo titulo, em casa de um amigo, no meio de uma maioria tripeira. Apesar disso na night vi muitas mais camisolas verde e brancas (inclusivé uma do Celtic) do que trapos azuis. Nesse noite o meu motto foi "beber para esquecer, Sporting até morrer" mas o raio da cerveja anda falsificada, e não esqueci nada...

Na discoteca habitual, ao contrario dos habituais videos do Ricky Martin ou Wham, estavam a dar desfiles de lingerie do Fashion TV. Um bom prenuncio para a jornada, que não veio a verificar-se, pois a meio da noite faltou a luz. Estava a passar o Billie Jean do MJ... Sabotagem?! Voce decide! Resolvi sair e ir pregar para outra freguesia.

Cá fora já tinha garantido a gasosa ao Joaquim e ao Vago. Na noite anterior em que o meu guarda tinha sido o Joaquim, tinha visto alguém a apanhar uns tabefes no chão na rua onde tinha estacionado, enquanto me pirava com o carro, e deitava ao chão o bacano que o estava a usar como apoio cervical ortopédico para repousar. O Joaquim devia ter-se juntado à festa, pois não estava por perto para receber a gasosa. Felizmente eu lembrava-me dele e infelizmente ele lembrava-se de mim. Assim neste dia paguei aos dois e acertei as contas. A coisa anda a animar... mais uns dias e vai haver pessoal a fazer baptismos de voo.

Dali fui para um spot que não conhecia. Dom Q (Q de Quixote). Mal sabia eu que o "ponto alto" da estadia ia começar nesse momento. A entrada estava uma enorme fila à angolana. Depois de alguma espera (e alguma luta) lá entrámos Como não havia cerveja, bebi carlsberg (nota negativa para a gerencia) e não sei se por influencia do veneno ou do barulho das luzes comecei a ouvir anunciar alguem importante que estava na sala VIP. Quando olhei para a mesa mesmo ao meu lado vejo um barrigas a trepar lá para cima. Bonga de seu nome. Rei Bonga estava ali ao meu lado, e pela forma como gingava, mais bebado do que eu! Cumprimentou a audiencia, saudou uns amigos, cantarolou uma musica (com grande pena minha não foi a "Mariquinha") e voltou para a sala VIP, quem sabe com melhor "ambiente".

No dia seguinte, praia matinal, que foi uma desilusão. O mar estava imundo. Ou melhor: aqui na ilha, está sempre imundo. Desta vez estava pior. assim nem saí da esplanada e aproveitei para descongestionar o sangue com umas Cucas.

A tarde reunimos com uns kambas brasucas para um "pagodjinho". Comeu-se picanha grelhada, e como a cerveja tardava em aparecer, bebi meia duzia de heinekens e afins. Houve um tipo que fez exactamente o que eu faria pelo meu Sporting. Como a TV estava a ser usada para karaoke e o gajo queria ver o seu Santos, pirou-se. Eu pelo meu lado dei "show dji bola" (or talvez não...) a batucar com os brasucas. Realmente aquilo está-lhes no sangue, porque eu parecia sempre o bombo da fanfarra dos bombeiros voluntários. Enchi-me de picanha, mas entertanto surgiram umas SuperBocks que me ajudaram com a digestão. Ainda tentei gingar um pouco de capoeira, mas só me saía ura mawashis, e conclui que me devia dedicar a pesca.

Falta apenas a conversa de merda: Tenho andado a tornar-me num verdadeiro apreciador de funge e comidas com oléo de palma. sem esquecer que tal como alguns que já critiquei, começo a usar jindungo em tudo. não deve estar longe o dia em que vou para uma sardinhada ou para um jantar de nouvelle cuisine com um frasquinho do dito. Tudo isto para dizer que apesar dos excessos me ando a aguentar a bronca, firme e hirto, enquanto alguns colegas estão batidos na clinica com variados problemas do foro gastro-intestinal ou similar.

Em breve estou de volta, e só espero que o avião não atrase 12h como tem sido hábito.

terça-feira, março 07, 2006

Pinturas

Na semana passada regressei de Luanda. Nesta estadia, notei que o meu organismo já correspondeu muito melhor às "diferenças climáticas" que na estadia anterior. Agora, uma semana depois de chegar, resolvi dedicar-me à pintura. Ter-me-ei desabituado do regime mediterranico? deveria ir comer um funge para estabilizar? esperemos que não tenha ingerido algum Vibrio não-sei-quantos.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Notícia de última hora

Condutor tresloucado abala a pacata noite de Luanda

A noite passada foi agitada nas pacatas ruas de Luanda. A Policia local recebeu queixas de vários habitantes que referiam a passagem de um veiculo ligeiro de passageiros a alta velocidade, e efectuando inumeras manobras perigosas.
De acordo com o relatório divulgado pela Policia de trânsito, o condutor, alegadamente estrangeiro, ao volante de um potente Hyundai Getz, cruzou diversas artérias da capital, a velocidades que deveriam rondar os 40-50km/h e, de acordo com alguns relatos, poderá mesmo ter chegado aos 60 km/h em diversas ocasiões. Para além disto, foi também responsável por diversas violações ao código da estrada como, parar nos sinais vermelhos, respeitar a regra da prioridade, não utilizar a buzina, assinalar as mudanças de direcção com as luzes de pisca-pisca e, imagine-se, parar nas passadeiras para permitir a passagem dos peões. Uma velhinha que habita a baixa da cidade, junto à marginal, afirma ainda, que foi brutalmente acordada, devido ao ronco do motor, e ao barulho proveniente do sistema de som da viatura que tocava repetidamente "Jesus Built My Hotrod".

A Policia informa que estará em alerta para evitar que novas situações como esta venham a repetir-se.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Leituras ao sol

Acabei recentemente de ler o meu primeiro livro escrito por um escritor Angolano. "Quem me dera ser Onda" de Manuel Rui é um retrato fiel (a meu ver) daquilo que terá sido a Luanda pós-independência, e que em parte ainda é. É a história de um porco (um leitão, na realidade) que é acolhido num apartamento, para ser alimentado num regime de engorda, sendo o seu destino final "a panela". No entanto desenvolve-se entre o porco e as crianças da familia uma relação de amizade (com o total desacordo do pai e a conivência da mãe) que irá criar um grande numero de peripécias onde se entrecruzam todos os "cromos" e se focam muitos dos lugares-comuns aqui da banda, à medida que as crianças fazem os possíveis e impossíveis para tentar salvar o pesçoço do porco. O livro lê-se de uma pernada, e tem uma linguagem e vocabulario rico em expressões angolanas, mas sempre acessivel, mesmo a quem não tenha tido nenhum contacto com a lingua. Por isso recomendo vivamente a quem já tenha estado aqui, ou a quem queira ter uma visão bem-disposta sobre a Luanda típica no periodo pós-independencia.
Para quem quiser uma critica um pouco mais "pesada"

Terminado este livro, e porque o meu "Intermitências da Morte" está emprestado, fiquei com duas hipóteses: "Tudo o que Temos cá Dentro", do irmão do nosso futuro ex-PR, o Psiquiatra Daniel Sampaio, ou "Elas não Percebem Nada" do génio (escritor/poeta/musico/cantor/engenheiro) surrealista Boris Vian (sob o pseudonimo "Vernon Sullivan" - fictício escritor noir americano). Devido a alguma curiosidade (pois não conheço nada da sua obra), e à recomendação do 1º livro, estava inclinado para ele, mas porque ando a precisar mais de ficar bem-disposto do que o contrário, e depois de ter lido na capa do 2º livro o excerto que se segue, a minha opção mudou.

"Ora aqui está. Uma rapariga de dezassete anos. Com o aspecto de uma Vénus de Milo com braços - Talvez não gostem da ideia, mas então é porque também não gostam de certeza de uma bela égua bem lançada - , uma rapariga com umas coxas, uns seios e um corpo como não há por aí às dúzias, e uma bela cabeça eslava, um pouco achatada, com olhos oblíquos e cabelo loiro todo ondulado. E uma rapariga que, além disso, tem de seu. Tem dezassete anos; é assim e deixa-se injectar com morfina por um tipo que parece um chulo de baixa categoria..., e que, ainda por cima, tem maquilhagem. Juro-lhes que elas não percebem nada. Agarro nela e ponho-a de pé.
- Vamos lá, minha lorpa - digo-lhe eu.
Estou-me nas tintas para a hipótese de alguém entrar. Não se esqueçam de que estou vestido de mulher... e nada tem de chocante ver uma velha amiga meter na cama outra velha amiga que se meteu um pouco nos copos."
in "Elas não Percebem Nada" de Boris Vian

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Vibrio qué?!?

A Cólera (ou cólera asiática) é uma doença causada pelo vibrião colérico (Vibrio cholerae), uma bactéria em forma de vírgula ou bastonete que se multiplica rapidamente no intestino humano produzindo uma potente toxina que provoca diarréia intensa. Ela afecta apenas os seres humanos e a sua transmissão é directamente dos dejectos fecais de doentes, por ingestão oral, principalmente em água contaminada.

A cólera provavelmente originou-se no vale do rio Ganges, Índia. As epidemias surgiam invariavelmente durante os festivais hindus realizados no rio, em que grande numero de pessoas se banhava em más condições de higiene. O vibrião vive naturalmente na água e infectava os banhantes que depois o transmitiam por toda a India nas suas comunidades de origem. Algumas epidemias também surgiram devido a peregrinos nos países vizinhos com aderentes da religião hindu, como Indonésia, Birmânia e China.

Foi descrita pela primeira vez no século XVI pelo português Garcia da Orta, trabalhando na sua propriedade, Bombaim, no Estado da Índia Português. Foi o inglês John Snow que descobriu a relação entre água suja e cólera em 1854. A bactéria Vibrio cholerae foi identificada pelo célebre microbiologista Robert Koch em 1883.

Foi só em 1817, com o estabelecimento do Raj britânico na India, e particularmente na região de Calcutá, espalhou-se a cólera pela pimeira vez para fora da região da India e paises vizinhos. Ela foi transportada por militares ingleses nos seus navios para uma série de portos e a sua disseminação tra-la-ia à Europa e Médio Oriente, onde até então era desconhecida. Em 1833 chegou aos EUA e México, tornando-se uma doença global.

Numa das primeiras epidemias no Cairo, matou 13% da população. Estabeleceu-se em Meca e Medina, onde as peregrinações religiosas muçulmanas do Hajj permitiam concentrações suficientes de seres humanos para se dar a cadeia de trasnmissão da epidemia, assim como nas cidades grandes da Europa. Na Arábia foi endémica até ao século XX, matando inúmeros peregrinos, tendo sido aí que surgiu o agora disseminado serovar eltor. A disseminação pelos peregrinos, vindos de todo o mundo muçulmano de Marrocos até às Indonésia, foi importante na sua globalização assim como os navios comerciais europeus.

Durante o século XIX, surgiram abruptamente várias epidemias nas cidades europeias, matando milhares em epidemias em Londres, Paris, Lisboa e outras grandes cidades. Uma dessas epidemias em Londres, 1854 levou ao estabelecimento das primeiras medidas de saúde pública, após constatação que poços contaminados estavam na origem da doença, pelo médico John Snow.


Progressão e Sintomas

A incubação é de cerca de cinco dias. Após esse período começa abruptamente a diarreia aquosa e serosa, tipo água de arroz.

As perdas de água podem atingir os 20 litros por dia, com desidratação intensa e risco de morte, particularmente em crianças. Como são perdidos na diarreia sais assim como água, beber água doce ajuda mas não é tão eficaz como beber água com um pouco de sal. Todos os sintomas resultam da perda de água e electrólitos:

- Diarréia volumosa e aquosa, sempre sem sangue ou muco (se contiver estes elementos trata-se de disenteria).
- Dores abdominais tipo cólicas.
- Náuseas e vómitos.
- Hipotensão com risco de choque hipovolémico (perda de volume sanguineo) mortal, é a principal causa de morte na cólera.
- Taquicardia: aceleração do coração para responder às necessidades dos tecidos, com menos volume sanguineo.
- Anuria: diminuição da micção, devido à perda de liquido.
- Hipotermia: a água é um bom isolante térmico e a sua perda leva a maiores flutuações perigosas da temperatura corporal.

O risco de morte é de 50% se não tratada, sendo muito mais alto em crianças pequenas. A morte é particularmente impressionante: o doente fica por vezes completamente mirrado pela desidratação, enquanto a pele fica cheia de coágulos verde-azulados devido à ruptura dos capilares cutâneos.

In Wikipedia

Segundo parece anda a solta um surto desta coisa aqui na banda...
Com a gripe-das-aves a atacar regularmente em Portugal (ainda neste fds em Guimarães!), acho que vou pedir para voar para as caraíbas!

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Com o calor que está hoje...


...só mesmo com uma destas!